(04 de novembro de 2011)
1ª leitura: Rm 16, 3-9.16.22-27
Salmo: 144
Evangelho: Lc 16, 9-15
Não podemos servir a Deus e ao dinheiro, devemos ser fiéis a um só senhor, Jesus vem advertir-nos. “Opa! Sou humilde, me viro com um salário, dinheiro para mim nunca causou problema, mas fumo, passo o dia inteiro na internet e não fico um dia sem minha cervejinha...” Não é só o dinheiro que torna-se “senhor” nesse caso.
Já dizia um padre colega meu: “Deus é ciumento, não quer que sirvamos a Ele e mais alguma coisa”, essa “alguma coisa” é usada no Evangelho como o dinheiro, a maneira de mais fácil entendimento, acredito eu, mas vem ser aquilo tudo que nos aprisiona, nos amarra, nos afasta de Deus e guia-nos por outros caminhos. A novela, o game na internet, o vício do cigarro, do consumo de bebida alcoólica... Já dizia São Paulo aos Gálatas: ”Foi para a liberdade que Cristo nos libertou” não para prender-nos a vícios.
O dinheiro deve ser usado em função do homem, não o homem viver em função do dinheiro. Uma coisa que aprendi com papai foi ser feliz no pouco, não que tenhamos parado no tempo e não queremos mais ganhar dinheiro, vamos doar tudo aos pobres, claro que não! Meu pai sempre me disse que tudo que é demais faz mal, “sobre pra cabeça” e atrapalha o equilíbrio da pessoa; é necessário saber lidar com o que você tem, como utiliza isso. É como naquela música do Frejat “Eu desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também, e que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem...”
Além disso, a honestidade é exaltada pelo Senhor, pois não adianta querer muito dinheiro se não administramos o pouco que temos. Li sobre isso em “Pais brilhantes, professores fascinantes”, onde me deparei com um trecho em que Augusto Cury refere-se a uma criança que é levada à sorveteria pelo pai, ganha uma casquinha com uma bola, por mais que ele quisesse duas, e a deixa cair sem querer na porta do estabelecimento. Errado é o pai e que volta e compra outra casquinha com duas bolas dessa vez para satisfazer a vontade do filho; a criança merece outro sorvete com uma bola só, pois se não soube administrar o pouco que tinha como irá agir dessa vez com muito?
A honestidade, a humildade vem do coração. De nada adianta ficarmos debatendo sobre o assunto mostrando atitudes corretas ou erradas se na prática não as executamos. Não podemos agir como muitos fariseus que se gabavam diante de outros homens por serem virtuosos, pois Deus conhece nosso coração e sabe suas intenções, considera apenas o que é verdadeiro e não forjado.
Sejamos retos, não para agradar a Deus, mas para respeitar o próximo, para conviver em sociedade. Lembram-se que a fé sem obras é morta? Deus não exige grandes obras, quer apenas atitudes corretas em nosso cotidiano que valem muito mais do que grandes feitos que apresentados diante da assembleia. Vivamos por Cristo, com Cristo, em Cristo e para o próximo; não há como amar a Deus sem amar aos irmãos, sendo justo com eles.
Que o Senhor, como nosso único Deus, venha em nosso auxilio ensinando-nos a ama e respeitar a todos em nossa volta. Ensina-nos Jesus a ser melhores para ti e para os outros.
Falando em “ser melhor para ou outros”, gostaria de compartilhar um grande aprendizado. Essa semana estive muito triste por certas coisas que não saíram como o esperado e na minha oração da noite pedi a Deus que me abençoasse e ajudasse a passar por isso. Logo em seguida senti uma grande culpa. Pedi perdão a Deus, pois estava sendo injusta, gostaria que Ele abençoasse mesmo aqueles que passam fome, passam frio, vivem nas ruas, não têm esperança de viver, são humilhados, não têm fé e os que perderam seus entes queridos. Pedi a Deus que os abençoasse porque eles sofrem; não é porque não consegui dormir bem uma noite que estou no fundo do poço! No dia seguinte, no trabalho, conheci uma moça que está trabalhando no marketing da escola; puxei um papo para nos conhecermos melhor, e ela contou-me sobre sua vida. Falou de seu irmão de 16 anos que tem uma deficiência motora, descoberta logo após o parto, e como ele lida com isso hoje em dia, com preconceito, exclusão. Falou de suas filhas também... Com os olhos lacrimejando disse sobre como sua bebê de dois meses chegou a falecer.
Lembrei-me na hora de minha oração da noite anterior. Aquela moça disse que não suporta ouvir as pessoas reclamando da vida, achando a casa, o salário, o carro, o jardim de inverno ruim... Gente que não sabe o que é sofrer, não dá valor ao que tem. Aquilo foi um tapa na minha cara, foi a benção que eu precisava receber do céu, a coragem de encarar meus problemas como simples empecilhos que posso resolver sem morrer por isso.
Somos egocêntricos, não olhamos para o lado para pedir uma benção ao irmão que realmente precisa dela. Pedimos a Deus em nossas orações que nos abençoe, que nos dê isso e aquilo; se Ele não dá, ainda temos coragem de reclamar!
Ajuda-nos, Senhor, com o dom da sabedoria, que saibamos interceder pelos necessitados, e mais que isso, que possamos ser seu instrumento de graça na vida dessas pessoas. Que nossas intenções não estejam apenas em oração, mas sejam ações concretas àqueles que necessitam de nossa ajuda, tanto material como espiritual.
Desejo a todos uma boa noite; fiquem na paz de Jesus e no amor de Maria. Não deixe de orar pelo irmão que sofre antes de virar para o lado e dormir, nunca sabemos quando é que necessitaremos de uma oração também e ficaríamos muito gratos se alguém o fizesse por nós.
Grande beijo :*
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